A Polícia Federal (PF) instaurou inquérito para apurar o sumiço de aproximadamente 2,6 mil lâminas com amostras de tecidos de animais do Laboratório de Patologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Um doutorando do curso teria pego as 26 caixas. A falta dos materiais foi percebida no último dia 7. O professor Rafael Figuera, responsável pelo laboratório, registrou ocorrência na PF.
A polícia foi até a casa dos pais da namorada do doutorando, onde estavam as lâminas. Elas foram entregues espontaneamente. O material foi devolvido à UFSM, que ficou como depositária até o fim das investigações.
Antes disso, a PF fez buscas na casa do doutorando e na sala ocupada por ele no laboratório, onde estavam algumas lâminas, documentos e o celular do aluno. O estudante autorizou os policiais a acessarem os dados armazenados em seu celular, e mensagens apontavam o destino das lâminas. Elas seriam enviadas a Cláudio Severo Lombardo de Barros, professor aposentado da UFSM. Quem faria o envio é a namorada do doutorando, que é professora na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, em Campo Grande, onde o Barros também dá aulas.
"As lâminas são minhas", diz professor
O professor, que atuou por 45 anos na UFSM, defende-se e isenta o estudante. Conforme Barros, desde que se aposentou, em setembro de 2014, não voltou mais ao laboratório, que fica no complexo do Hospital Veterinário. Por isso, ele não retirou todos os seus materiais pessoais, incluindo as lâminas. Barros diz que já havia pedido para outros alunos pegarem alguns livros seus e que, nesse caso, ocorreu a mesma coisa.
_ Desafio qualquer órgão da UFSM a apresentar algum documento que ligue esse material à universidade. Pedi ao aluno, na boa-fé, como pedi aos outros para pegarem meus livros. Todo esse tempo dedicado à UFSM está sendo posto em dúvida. Mas não vai ficar assim. Quero esclarecer tudo e pegar minhas lâminas de volta _ desabafa o professor.
De acordo com Barros, as lâminas, que reúnem tecidos de animais de todo o mundo, começaram a ser adquiridas por ele em uma viagem a Washington (EUA) em 1988. Durante esse tempo, ele teria pago parcelas anuais de, em média, 500 dólares, do seu próprio bolso, sem nenhum subsídio da UFSM. Os comprovantes de pagamento serão apresentados à PF. O material teria sido desenvolvido por ele para aplicar em suas aulas e não teria nenhuma ligação com pesquisas da universidade.
O "Diário" entrou em contato com o responsável pelo laboratório, Rafael Figuera, que preferiu não se manifestar. Ninguém foi preso.